Caacupé, linda atração turística, que é a terra da padroeira do Paraguai

Caacupé - Cidade&Cultura - foto Marco Andre Briones
Santuário Nossa Senhora do Caacupé no Paraguai. Todas as fotos são de Marco André Briones

O nosso vizinho, Paraguai, é um país muito interessante. Embora não tenha o reconhecimento turístico que deveria, possui um patrimônio histórico e cultural de grande relevância.

Além de suas inúmeras ruínas de Reduções Jesuíticas, as maiores, mais belas e mais bem preservadas da América do Sul, o país oferece atrações turísticas para todos os gostos. Entre elas, se encontra a cidade de Caacupé, situada a apenas 53 km da capital do Paraguai, Assunção. Caacupé é uma palavra indígena que significa “Atrás dos montes”.

Caacupé-Cidade&Cultura-foto Marco Andre Briones
Fonte com Imagem da Virgem

Tive a oportunidade de conhecer esta pequena e pitoresca cidade no mês de junho de 2019, quando visitei o Santuário de Nossa Senhora de Caacupé, a padroeira do povo paraguaio.

O Paraguai é um país singular: é um dos poucos no mundo que preservaram uma língua indígena como língua oficial, o guarani, que é um parente direto do tupi antigo que era falado no Brasil e que foi proibido de ser falado por aqui pelo Marquês de Pombal, quando Portugal ainda era dona das terras brasileiras.

Em termos percentuais, até hoje o Paraguai é o país mais religioso de todo o continente americano, pois 92% de sua população de declara religiosa, em comparação com 79% no Brasil, por exemplo.

A Nossa Senhora de Caacupé faz parte desta união entre a identidade dos guaranis e da fé católica.

Um pouco da história

No final do século XVI, um índio convertido, que vivia em uma pequena aldeia próxima do povoado de Tobatí (futura cidade de Caacupé), que era escultor de profissão e paroquiano dos Franciscanos, subiu ao topo de uma colina e se deparou com membros hostis da tribo Mbayá, ainda pagã, que o capturaram. Temendo por sua vida, o índio tentou fugir e conseguiu, se escondendo atrás de um enorme tronco de árvore.

Cidade&Cultura-foto Marco Andre BrionesDurante as horas de angústia que passou oculto atrás do tronco, fez uma promessa à Virgem Maria que, caso ele conseguisse escapar dessa situação com vida, faria uma imagem dela como símbolo de sua gratidão por sua salvação.

Mais tarde, após ter conseguido se salvar da tribo Mbayá e ter se livrado do risco de ser morto, o índio voltou ao local onde havia se encondido e retirou a madeira necessária do tronco atrás do qual havia se escondido e a fez secar pacientemente, a fim de poder esculpir duas estátuas de Nossa Senhora e cumprir a sua promessa. Uma delas, a maior, seria encaminhada à Igreja de Tobatí, nas proximidades de sua aldeia, que futuramente cresceria e se tornaria a atual cidade de Caacupé. A outra, menor e de aproximadamente 50 cm de altura, seria usada para sua devoção particular.

Infelizmente, no ano de 1603, o lago de Tapaicuá transbordou e alagou todo o vale do Piray, levando consigo tudo pelo seu caminho, inclusive a imagem da Virgem. Surpresos com a inundação do lago, os habitantes da aldeia trataram de retirar primeiramente as crianças, os idosos e os mais fracos. Depois não conseguiram salvar mais nada, nem mesmo a imagem de Nossa Senhora, que viram ser levada pela correnteza.

A volta da imagem da Nossa Senhora de Caacupe

Quando finalmente as águas retrocederam, um outro indígena, um carpinteiro chamado José, encontrou uma maleta de couro descendo pelas águas barrentas. Dentro dela, estava a estátua de Nossa Senhora, a menor das duas, toda envolta em panos brancos. Quanto à maior, supõe-se que tenha sido levada pelos índios pagãos e destruída em um dos saques que fizeram contra o templo de Tobatí. A identidade e o paradeiro do índio cristão escultor permanecem incertos até os dias de hoje.

Os habitantes da aldeia pensaram em abandonar o local onde viviam, mas desistiram de fazê-lo ao constatar que a imagem da Nossa Senhora havia voltado ao mesmo local de onde havia sido levada pelas águas.

Os habitantes locais começaram a propagar a sua devoção à Nossa Senhora e a invocá-la como “A Virgem dos Milagres”.

José, que havia encontrado a estátua, construiu uma pequena capela para abrigá-la. Esta foi a origem da veneração da Nossa Senhora de Caacupé, cuja imagem tem os pés descansando sobre uma esfera, rodeada de bandagem branca de seda.

Caacupé - Cidade&Cultura - foto Marco Andre Briones
Imagem de Nossa Senhora de Caacupé

Padroeira do Paraguai

Menino e seu cão para ser abençoado

Atualmente, Nossa Senhora de Caacupé é considerada a Padroeira do Paraguai, e também conhecida como “A Virgem Azul do Paraguai”. Sua festa é celebrada anualmente no dia 08 de dezembro, quando milhares de peregrinos do país inteiro vão ao Santuário de Caacupé para venerá-la e demonstrar seu amor e gratidão por suas graças e proteção. Algumas pessoas trazem também seus animais para serem abençoados pela padroeira do país.

Em 2015, o Papa Francisco visitou o Santuário de Caacupé e celebrou uma missa no local, que foi tomado por milhares de fiéis vindos de todas as partes do país, em gratidão à Padroeira do Paraguai.

Cidade&Cultura-foto Marco Andre BrionesNa parte interna do santuário, podemos fazer uma subida até sua cúpula e termos uma panorâmica vista de toda a cidade. Além disso, anexo ao local se encontra um belo e organizado museu contando toda a história do local, da padroeira do Paraguai e da visita papal ocorrida em 2015, com objetos usados pelo Papa Francisco, o trono no qual se sentou ao realizar a missa e muitos objetos de interesse, especialmente de cunho histórico e religioso.

Após minha passagem por Caacupé pude constatar que a fé do povo paraguaio em sua padroeira continua mais forte do que nunca.

Para mais dicas de turismo cultural e histórico, no Brasil e no mundo, acompanhe a coluna de Marco André Briones no portal Cidade&Cultura

Bibliografia:

Revista da Aleteia, 11 de junho de 2018
Portal Arcanjo no Ar, 19 de janeiro de 2011
Portal Fronteira News, 08 de dezembro de 2018

Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em junho de 2019.

Com agradecimentos especiais à Otávio Gabriel Briones e Thais Aveiro.

Caacupe-Cidade&Cultura-foto Marco Andre Briones