Chile, a mística Ilha de Páscoa

Ilha de Páscoa – foto Annete Kehrein

A mística Ilha de Páscoa, localizada no Oceano Pacífico em águas chilenas, é um dos locais mais intrigantes da Terra.

É uma ilha de origem vulcânica e está em um dos pontos mais ermos do globo terrestre, por isso é denominada, em rapanui, como Te Pito O Te Henúa, que significa Umbigo do Mundo. Foram três vulcões (atualmente adormecidos), que originaram a Ilha de Páscoa: o Poike, o Rano Kau e o Terevaka. Sua área é de 170 km² e a maior altitude é de 510 metros.

Fatores climáticos e solo poroso dificultam a introdução de novas culturas de alimentos. Por suas águas serem muito frias, a quantidade de peixes é baixa e, apesar de grande volume de chuvas, as águas não se acumulam na superfície terrestre, em consequência, há pouca água potável.

Apesar dos inúmeros fatores contrários à ocupação humana, a Ilha de Páscoa começou a ser habitas por volta do ano 600 d.C.. Entretanto, para entendermos essa ocupação, devemos nos reportar à história dos polinésios.

Ilha de Páscoa
Moais – Foto Christian K.

Polinésios

Os polinésios formam um grupo étnico originários da Polinésia. Esses grupos são: tonganeses, taitianos e maoris. Eles foram os responsáveis em ocupar ilhas do Oceano Pacífico como as conhecidas Havaí, Ilha de Páscoa e a Nova Zelândia, entre outras.  O que mais intriga nessas colonizações foi a capacidade de navegar apenas em canoas à vela repletas de plantas e víveres. Não foi apenas uma exploração e sim uma expansão com fins de habitar locais tão distantes um dos outros. Tal façanha, desprovida de instrumentos de navegação, ocorreu muitos séculos antes da era das Grandes Navegações. Uma façanha inigualável da história humana.

Colonização da Ilha de Páscoa

Apesar de muitos estudos, a data da ocupação da Ilha de Páscoa é incerta, sabe-se que foi entre os anos de 600 e 800 pelos polinésios. Já a descoberta da Ilha pelos europeus, ocorreu somente em 1722, quando o explorador holandês Jacob Roggeveen partiu do Chile e chegou aqui em 5 de abril, um domingo de páscoa.

Porém, foi na expedição de James Cook, em 1774, que registros sobre a Ilha de Páscoa foram mais detalhados, quando o capitão permaneceu quatro dias explorando o local. Passado quase um século, já pertencente ao território chileno, os europeus começaram a criar ovelhas e, mais tarde, escoceses (que possuíam empresas no Chile) a transformaram numa grande fazenda, escravizando os nativos.

Muitas revoltas foram suprimidas pelo exército e, em 1966, os nativos foram oficialmente considerados cidadãos chilenos. Atualmente, vivem na Ilha de Páscoa cerca de quatro mil pessoas, entre elas, 60% de rapanui (nativos).

Ilha de Páscoa, Caldeira

Mitologia Rapanui

Várias divindades tramitam na fé dos nativos, assim como qualquer civilização. As de maior destaque são: Makemake (o Deus supremo e da fertilidade), e Hotu Matu’a (fundador da Ilha).

Um fato interessante está relacionado ao Tangata manu, o homen-pássaro. Na verdade, o Tangata manu é um homem que recebe esse título e passa a governar a Ilha de Páscoa por um ano, após vencer uma competição. Essa competição consiste na caça aos ovos de andorinhas que, com a migração dessas aves são depositados em ninhos na ilhota Moto Nui, e trazê-los, pelo menos um ovo intacto, após nadar e escalar um desfiladeiro. Os competidores eram selecionados, um por cada clã, por meio de sonhos de um ou uma profeta (iva-atua). Esse ritual existiu até fins do século XIX.

Parque Nacional Rapa Nui

Considerado pela UNESCO como Patrimônio Mundial, esse parque abriga os famosos Moais, distribuídos em uma área e 73 km².  Há também, no parque, as crateras do vulcão Rano Raraku e Rano Kau, além da única cidade da Ilha, Hanga Roa.

Moais – Foto Sonia Jane

Moais

Os moais são esculturas feitas nas pedras retiradas dos vulcões Rano Raraku e Puna Pao. Essas esculturas estão dispostas em três locais diferentes: junto ao mar são cerca de 250 moais erguidos sobre os ahus (monumentos funerários); nas áreas mais altas (marai), com inscrições em Rocorongo (escrita nativa); e as tukuturi, que possuem pernas. São 887 moais (naoki), sendo o mais alto com 21 metros. Pelo que se sabe, foram construídas entre 1200 e 1500 pelos nativos (rapanui).

São várias as teorias da origem e do por que os moais foram construídos. Uma é que essas estátuas são uma homenagem aos líderes ancestrais. Outra, mais mística, é que os moais foram erguidos para serem para-raios, devido à alta incidência de raios na Ilha. Quando eletrificados emitem uma ligeira luminosidade.

Mistérios

Os moais, por suas especificidades, causam espanto a quem os conhecem. Por muitos anos, especulações de toda a sorte rondaram a construção dessas magníficas estátuas. Teorias fantásticas surgiram como seres extraterrestres ou deuses incorporados. Porém, independentemente da origem, os moais, por mais justificada a motivação de suas construções, e no local onde estão, são uma aventura sobrenatural. Visitar a Ilha de Páscoa, o Umbigo do Mundo, é, sem sombra de dúvida, uma viagem única e inesquecível.

Você pode se interessar também:

Trilhando pela História: a Ciudad Teyuna em meio ao verde colombiano
O Império Inca nas terras inóspitas dos Andes
Parque Nacional Canaima e Salto Angel na Venezuela
Tulum, incrível paraíso Maia no sudeste mexicano