História de Atibaia: Instauração da Vila

História de Atibaia-atibaia-lendas-instauracao-da-vila-bxA cerimônia e a lenda

Era o dia de Todos os Santos e a Vila de Atibaia ia ser instaurada. A comitiva do Ouvidor, que viera para a cerimônia, já estava no ribeirão dos Porcos e era vista no alto da encosta. Os varões mais importantes da Freguesia, montados em cavalos escovados, de crinas trançadas com fitas e ajaezados com os melhores arreios, desceram o morrão, ao encontro da comitiva que trazia o Ouvidor, o dr. João Pereira da Silva. Chegaram ao Largo da Matriz.

O Largo e a Rua Direita estavam enfeitados com varas de bambu e bandeirolas. Após o jantar, com assados e doces, os hóspedes se recolheram para o descanso da viagem. No dia 5, houve a reunião da lavratura da instalação da Vila. Em seguida, os membros da comitiva se reuniram na casa de Lucas. Naquela noite, a Vila fora tomada por uma alegria contagiante e nem mesmo o sinistro toque de recolher fora lembrado.

Ouviam-se os sons da mãe África nos românticos lundus. Mais ao longe, as cantigas dos congos, com a dolente batida das zabumbas. Nos botequins, com bebida farta e estrondosas gargalhadas, o povo festejava. Enfim, Atibaia chegava à categoria de Vila. Mas, o Pelourinho não fora benzido; o Padre não estava ali. Algum tempo depois, acreditaram que as almas dos escravos ali supliciados reclamavam, e a lenda do pelourinho se perpetuaria por séculos.

Esse “causo” foi contado por Nhá Olímpia, velha senhora de descendência africana, parteira da pobreza e benzedeira, que morava num cortiço da rua Coronel João Pires. Reproduzindo sua fala: “No tempo de dante, fizero o Pelorinho pa castigá os escravo, no Beco do Gonzaga. O padre num quis benzê, ficano o Pelorinho ‘sem-ficá-bento’. Começô então a aparecê ‘as coisa’. Uma mula-sem-cabeça, que corria por ali em sexta-feira, levano na garupa um vurto horroroso de feio, na garupa dos arrêo, virado pra tráis”.

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