Lendas de Florianópolis

 

Lendas de Florianópolis

Não é a toa que o epíteto de Florianópolis é “Ilha da Magia”, pois cheias de ilhas e histórias de invasões, guerras e piratas, e lendas é o que não faltam. Todas as lendas poderiam começar a ser escritas com: “Em um mundo distante…”. Sim Florianópolis, na época da colonização era realmente um mundo bem distante, cercado de água por todos os lados e, em época de tempestade, um grande desafio. Imaginem-se saindo do centro do mundo, Europa, e vir morar em um lugar tão remoto, cercado de índios, doenças e animais selvagens diferentes.

Vamos precisar usar muito da imaginação para entendermos os sons, a escuridão da noite, os fenômenos naturais e o medo que causava em todos os novos habitantes. Sem contato com o mundo exterior, notícias só chegavam vindas em embarcações, muitas vezes não benvindas. E ali, isolados, viviam com a fé dos templos erigidos sob a proteção dos santos e com os próprios temores. Pronto! Temos o cenário ideal para dar nomes e criar histórias sobre tudo aquilo que não entendemos!

As bruxas de Florianópolis

Estamos no século XVI, tempos de Inquisição. Bruxas eram vistas como seres demoníacos que deveriam ser queimadas na fogueira. O medo dessas personagens espreitava a todos, tanto na Europa, como os que para cá vieram! Aqui, elas eram, além de malignas, travessas, pois roubavam os barcos dos pescadores, brincavam com suas redes de pesca e adoravam dar nós nas crinas dos cavalos. Para identificarem uma bruxa, era só observar com que mão elas estendiam para cumprimentar, se fosse a direita, ufa, mas se fosse a esquerda, era melhor bater em retirada.

Reza contra bruxas

Pela cruz de São Saimão que te benzo
Com a vela benta da Sexta Feira da Paixão
Treze raios tem o sol, treze raios tem a lua,
Salta demônio para o inferno que esta alma não  é tua
Tosca, marosca, rabo de mosca,
Aguilhão nos teus pés e relho na tua bunda
Por cima do silvado, por baixo do telhado,
São Pedro, São Paulo e São fontista,
Dentro de casa de São João Batista
Bruxa, tatatabruxa, não entres nesta casa
Nem nesta comarca toda, por todos os Santos dos Santos
Amém.

Fonte: Poranduba Catarinense. Boiteux, Lucas A. Edição da Comissão Cat. de Folclore, Florianópolis, 1957.

A bela Joaquina

No século XIX vivia Joaquina, uma moradora da Lagoa da Conceição. Mas, infelizmente a bela moça morreu de tristeza quando seu marido, Alberto, pescador, saiu para o alto mar e nunca mais voltou e, no mesmo período, também perdeu sua mãe, seu pai e seu avô. Com fiascos de esperança Joaquina sempre ia catar mariscos nas pedras da paria para ver se seu amor, por um milagre, voltaria. Passado uns meses, ela foi encontrada morta nas areias, com o mar lambendo seu corpo. Não houve espanto da população, pois tamanha desgraça só poderia ter esse fim. Os antigos dizem que a praia de Joaquina foi batizada em homenagem a ela.

 

Os fantasmas de Anhatomirim – Árvore dos Enforcados

Em tupi, Anhatomirim significa ilha do diabo. Não é a toa que os índios previram que coisas terríveis aconteceriam, séculos mais tarde, nesse pequeno pedaço de terra, muitos foram enforcados e, no pós Revolução Federalista, 185 presos políticos foram fuzilados.  Dizem que até hoje que depois do entardecer inda podemos ver e ouvir os fantasmas dos que foram mortos, sentados nas pedras em volta de um troco de araçazeiro.

Pedras de Itaguaçú

Onde hoje é a praia de Itaguaçu, existia um lindo gramado que muitas pessoas iam descansar. Um dia os Elementais resolveram fazer uma linda e grande festa, convidaram todos, os das matas, os dos mares os dos Açores. Lá tinha Bruxas, Boitatá, Saci, Curupira, Lobisomem e outros. Só não convidaram o Tibinga (diabo), pois ele cheira a enxofre e é muito feio.

No dia da festa tudo corria na mais linda paz com bruxas, sacis, lobisomens, todos felizes. Foi quando no meio da festa o Tibinga olha para baixo e vê aquela festança e se dá conta que não tinha sido convidado. Então exclamou em alto e bom som:
– Não me convidaram, é?
– Vou transformar todos vocês em pedras e este campo em mar.
E lá ficaram todos os Elementais transformados em pedras. Quem passar por lá pode ver que as pedras têm a forma desses seres fantásticos.

Fonte: Poranduba Catarinense. Boiteux, Lucas A. Edição da Comissão Cat. de Folclore, Florianópolis, 1957.

Por todas essas histórias, na Ilha da Magia é melhor pedir licença para entrar!
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