Oyapock, o rio que une: línguas e conhecimentos indígenas além das fronteiras acontece entre 26 e 28 de novembro
O Museu da Língua Portuguesa recebe entre os dias 26 e 28 de novembro o Colóquio Internacional Oyapock, o rio que une: línguas e conhecimentos indígenas além das fronteiras, tendo como foco a diversidade cultural e linguística da região do rio Oiapoque que estabelece a fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. Parte da programação Temporada França-Brasil 2025, o evento abordará a riqueza das línguas, tradições e conhecimentos dos povos originários da região e debaterá temas relevantes a seus desafios contemporâneos. Localizado no histórico prédio da Estação da Luz, no centro da capital paulista, o Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
O encontro é uma iniciativa do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas – um projeto conjunto do Museu da Língua Portuguesa e Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Primeiro grande evento do Centro após seu lançamento, em maio de 2025, o Colóquio visa fortalecer alianças, visibilizar iniciativas de revitalização, documentação e de valorização dos conhecimentos e línguas indígenas e refletir sobre os diversos contextos e ações que vêm sendo desenvolvidas tendo em vista a autodeterminação dos povos indígenas, cujas existências resistem e florescem além das fronteiras.
As seis mesas de debate reunirão artistas, educadores, lideranças e especialistas indígenas e não indígenas, incluindo Daiara Tukano, Kassia Lod, Cristine Takuá, Angela Kaxuyana, Dominique Gallois e Eduardo Neves (Brasil), Anne-Marie Chambrier, Aïmawale Opoya e Corinne Toka Devilliers (Guiana Francesa) e Isabelle Léglise (França).
Temas como multilinguismo, políticas linguísticas, educação intercultural, revitalização e documentação cultural e linguística, museus indígenas, restituição de coleções e políticas públicas voltadas à promoção da diversidade serão abordados, privilegiando as vozes indígenas.
O evento irá abordar temas relevantes aos povos originários de um modo geral, e especialmente aos Wajãpi, Wayãpi, Wayana, Aparai, Kali’na Tɨlewuyu, Galibi Kali’na, Galibi Marworno, Paykweneh, Palikur-arukwayene, Karipuna, Teko, Lokono e Kaxuyana. Trata-se de povos que habitam o Planalto das Guianas, região reconhecida por sua vasta biodiversidade e pluralidade sociocultural.
Como parte da programação do Colóquio, serão apresentadas duas performances criadas por artistas indígenas especialmente para o evento. A performance Nhe’ẽrỹ, com Carlos Papá, liderança e cineasta indígena do povo Guarani Mbya, abrirá o evento, no dia 26 (quarta-feira), às 9h15. No encerramento, no dia 28 (sexta-feira), às 17h30, haverá a exibição da obra Maluwana, o Céu de Casa, na Praça da Língua, com a presença de Aïmawale Opoya, artista do povo Wayana da região do Alto Rio Maroni Guiana Francesa).
Para participar do Colóquio, que acontecerá no Auditório do Museu da Língua Portuguesa, é preciso se inscrever gratuitamente por meio deste link (vagas limitadas). Haverá tradução simultânea, intérprete de Libras e emissão de certificado de participação.
26 DE NOVEMBRO (QUARTA-FEIRA)
8h30 Credenciamento e café de boas-vindas
9h15 Performance Nhe’ẽrỹ de Carlos Papá e cerimônia de abertura
Carlos Papá é uma liderança e cineasta indígena do povo Guarani Mbya. Trabalha há mais de 20 anos com produções audiovisuais, com o objetivo de fortalecer e valorizar a cultura Guarani Mbya por meio da realização de documentários, filmes e oficinas culturais para os jovens. Também atua como líder espiritual em sua comunidade, no rio Silveira, no litoral de São Paulo. É o coordenador da Escola Viva Guarani – Ponto de Cultura Mbya Arandu Porã, conselheiro do Instituto Maracá e representante da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY).
10h30 às 12h30
Mesa Redonda 1
Paisagens Vivas: Circulação e Transformação de línguas e conhecimentos indígenas com Anne-Marie Chambrier, Kassia Lod, Cristine Takuá e Daiara Tukano. Mediação de Yuwey Henri
A mesa reúne artistas, pensadoras e lideranças indígenas com o objetivo de aprofundar o entendimento de que as línguas e os conhecimentos indígenas são paisagens vivas, em constante circulação e transformação, que ultrapassam fronteiras geopolíticas e se recriam nos contextos contemporâneos. O debate abordará temas como museus indígenas, experiências concretas de valorização linguística e cultural, iniciativas de difusão cultural e artística em contextos urbanos e fronteiriços, autonomia indígena em relação ao acesso e à circulação de conhecimentos tangíveis e intangíveis. Um diálogo essencial para refletir sobre as atuais estratégias para o fortalecimento das línguas e dos modos de vida indígenas em seus territórios e para manter viva a memória de cada povo.Anne-Marie Chambrier
Indígena do povo Lokono, preside a Federação Lokono da Guiana e é encarregada da Missão em Línguas e Autoctonia junto ao serviço de Línguas e Patrimônios da Collectivité Territoriale de Guyane (CTG).
Kassia Lod – Pertencente ao povo Galibi Kali’na, é formada em Direito e em Licenciatura Intercultural Indígena. Preside a Associação Na’na Kali’na e é diretora do Museu Kuahí.
Cristine Takuá – Pensadora e educadora do povo Maxakali. Representante do Núcleo de Educação Indígena (NEI) na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, membro fundadora do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do estado, integrante do Instituto Maracá, organização responsável pela gestão compartilhada do Museu das Culturas Indígenas.
Daiara Tukano – Do povo indígena Yepamahsã (Tukano) e do clã Eremiri Hãusiro Parameri (Amazônia brasileira), é artista visual, pesquisadora e curadora indígena. Mestra em Direitos Humanos, é representante indígena do Conselho Nacional de Cultura do Brasil e foi a curadora da exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação.
Yuwey Henri – Talãmelonin (poeta, escritora), onumingadoton (pensadora) e owomatodon (militante) da nação Kalin’a Tɨlewuyu (povo indígena da “Guiana francesa”) e franco-brasileira, é membro do Conseil d’Administration de “Documents d’Artistes Caraïbes Amazonies” (DDACA).
14h30 às 16h30
Mesa redonda 2
Políticas do multilinguismo: estratégias para a promoção da diversidade com Sônia Jean-Jacque, Isabelle Léglise, Jaciara Santos da Silva e Daniel François. Mediação de Luciana Storto.
Neste encontro com linguistas, educadores e gestores públicos serão abordadas as estratégias de proteção e promoção da diversidade linguística em articulação com ações em diversas escalas. O debate oferecerá um panorama crítico sobre a situação das línguas indígenas e as políticas linguísticas no Brasil e na Guiana Francesa, territórios marcados pelo multilinguismo e pelo contato intenso entre línguas, especialmente na região fronteiriça onde línguas indígenas, crioulas e europeias coexistem. O foco estará nas políticas públicas voltadas à promoção da diversidade linguística, nos impactos da colonialidade sobre o sistema educacional, nas experiências de educação em contextos multilíngues e nas possibilidades de cooperação transfronteiriça, tendo em vista estratégias binacionais para fortalecer as línguas indígenas.
Sônia Jean-Jacque – É liderança indígena de dupla ascendência: Galibi Kali’na por parte de pai e Karipuna por parte de mãe. Foi a primeira vice-cacica do seu povo e a primeira vice-coordenadora do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO). Desde 2023, lidera a Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (SEPI) do governo do Amapá.
Isabelle Léglise – É linguista e pesquisadora francesa, especialista em sociolinguística e contato linguístico. É diretora de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e vice-diretora do Laboratoire de sciences du langage Structure et Dynamique des Langues.
Jaciara Santos da Silva – Pertencente ao povo Galibi-Marworno, é pesquisadora e professora de língua indígena Kheuól Galibi-Marworno. Leciona desde 2010 no Oiapoque, no âmbito do Sistema Organizacional Modular de Ensino Indígena (NEI/SEED/SEAD) e atua na documentação e revitalização da língua e cultura de seu povo.
Daniel François – Indígena do povo Kali’na, é professor no Ensino Básico na Académie de Guyane desde 2003 e atualmente ocupa o cargo de Inspetor da Educação Nacional para as Línguas Maternas na mesma instituição.
Luciana Storto – Especializada em línguas indígenas, é professora livre docente do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da área de Linguística do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas.
27 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)
10h às 12h
Mesa Redonda 3
Mais de uma língua, mais de uma cultura: desafios da educação intercultural indígena com Glauber Romling, Dilziane Palikur, Ady Norino e Dominique Tilkin Gallois. Mediação de Cleirray Wera Fernando.
Com a participação de especialistas que atuam em diversas áreas da educação indígena, a mesa discutirá iniciativas em contextos interculturais e multilíngues, no Brasil e na Guiana Francesa, relacionadas à formação de professores indígenas (como licenciaturas interculturais e magistérios indígenas); políticas de ensino bilíngue ou multilíngue; experiências de pesquisa indígena e redes colaborativas entre universidades, escolas indígenas e organizações indígenas para aprimorar o sistema educacional voltado a esses povos. A proposta é discutir as estratégias para a construção da educação intercultural indígena diferenciada, valorizando suas línguas e seus conhecimentos.
Glauber Romling – É professor da Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade Federal do Amapá (Unifap, Oiapoque) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (Macapá). É gestor científico do projeto voltado à construção de dicionários online e aplicativos para o Kheuól do Uaçá (variedades Karipuna e Galibi-Marworno) do Museu Nacional dos Povos Indígenas e é presidente da Comissão de Línguas Indígenas da Abralin.
Dilziane Palikur – Indígena do povo Palikur-Arukwayene, artesã e educadora natural do município de Oiapoque. É coordenadora pedagógica da Escola Indígena Estadual Moisés Iaparrá.
Ady Norino – Pertencente ao povo Parikweneh, Ady é professor especializado na língua parikwaki. Atualmente leciona na escola Élie Castor em Saint-Georges de l’Oyapock, na Guiana Francesa.
Dominique Tilkin Gallois – É professora colaboradora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP). É uma das fundadoras do Iepé Instituto de Pesquisa e Formação Indígena e coordena o Programa Zo’é do Iepé.
Cleirray Wera Fernando – É professor indígena do povo Tupi-Guarani e liderança do movimento indígena do litoral sul do estado de São Paulo. Tem atuado em projetos voltados ao fortalecimento linguístico em comunidades indígenas e desde 2023 é professor de línguas Tupi e Guarani em escolas Waldorf em São Paulo.
14h30 às 16h30
Mesa redonda 4
Iniciativas de revitalização e documentação linguística com Janina dos Santos Forte, Gelsama Mara Ferreira dos Santos, Jammes Panapuy e Eliane Camargo. Mediação de Ana Vilacy Galúcio
Esta mesa abordará questões relacionadas à revitalização linguística, um processo intencional de recuperação, fortalecimento e transmissão intergeracional de línguas ameaçadas de desaparecimento. No caso dos povos indígenas, processos de assimilação forçada pela sociedade nacional associados à proibição do ensino das línguas indígenas, de práticas rituais, entre outras formas de violência, provocaram a perda ou o enfraquecimento de suas línguas. Graças à resiliência indígena e a projetos colaborativos de pesquisa e documentação, ações de retomada ou revitalização linguística têm se multiplicado, criando estratégias de valorização das línguas e dos conhecimentos indígenas. A partir do diálogo entre especialistas nessa área, o encontro discutirá exemplos de iniciativas realizadas no âmbito da educação formal e não formal, projetos participativos de documentação linguística com elaboração de dicionários, gramáticas e materiais didáticos, multimídias e projetos inovadores construídos pelas comunidades indígenas com a participação decisiva dos falantes mais velhos para estimular a aquisição da linguagem pelas novas gerações.
Janina dos Santos Forte – Linguista do povo Karipuna, é presidente da Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM) e cacica da Aldeia Espírito Santo. É professora do ensino médio na Escola Indígena Estadual João Teodoro Forte e coordenadora local do projeto Dicionário multimídia do Kheuól Karipuna.
Gelsama Mara Ferreira dos Santos – Professora associada da Universidade Federal do Amapá (Unifap), atua como coordenadora da Licenciatura Intercultural Indígena no Campus Binacional de Oiapoque e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Coordena a Ação Saberes Indígenas na Escola (Secadi/MEC) e atualmente é vice-coordenadora da Comissão de Línguas Indígenas da Associação Brasileira de Linguística (Abralin).
Jammes Panapuy – Indígena do povo Teko. Como chefe da delegação do Oiapoque do Parque Amazônico da Guiana (PAG), concentra-se em ações de salvaguarda dos conhecimentos, da língua teko, da memória coletiva e dos laços intergeracionais na comunidade.
Eliane Camargo – Etnolinguista, estuda a cultura e a língua dos povos Caxinauá (família pano), Aparai e Wayana (família caribe) e Arawaka (família arawak). Atualmente, coordena projetos na Ipê – Associação para o Diálogo Intercultural: Pesquisa e Ação (França).
Ana Vilacy Galúcio – Pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi, é professora credenciada nos programas de pós-graduação em Linguística e Estudos Literários (PPGL/UFPA) e no Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural do Museu Goeldi. Integra a Comissão de Línguas Indígenas da Associação Brasileira de Linguística (Abralin).
28 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)
10h às 12h
Mesa redonda 5
Restituição e reparação: diálogos sobre coleções indígenas com Angela Amanakwa Kaxuyana, Maria Luisa Lucas, Corinne Toka-Devilliers e Mathilde Kamal. Mediação de Majoí Favero Gongora
A partir de perspectivas indígenas, antropológicas e jurídicas, esta mesa propõe um debate sobre os desafios envolvidos nas demandas por acesso, restituição e repatriação de coleções indígenas ao redor do mundo. Na última década, tais reivindicações se intensificaram, evidenciando a urgência de criar mecanismos legais que reparem as violências históricas sofridas pelos povos originários – especialmente com relação a objetos rituais e restos humanos mantidos em museus distantes dos territórios de origem. Os projetos de repatriação, as iniciativas de restituição digital e as parcerias colaborativas com comunidades indígenas para pesquisa e documentação são fundamentais não apenas para reconfigurar as relações entre as instituições ocidentais de memória e os povos indígenas, mas também para estabelecer novas formas de colaboração. Tais práticas devem ser construídas em diálogo permanente com as comunidades de origem, garantindo que suas vozes e direitos orientem a constituição das coleções e a gestão dos acervos.
Angela Amanakwa Kaxuyana – Do Povo Kahyana, da Terra Indígena Kaxuyana Tunayana (PA/AM). Integra a Aikatuk – Associação Indígena Kaxuyana, Kahyana e Tunayana e é uma das fundadoras da Fepipa – Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará. É sócia fundadora do Podáali Fundo Indígena da Amazônia Brasileira e atual representante da COIAB na Bacia Amazônica. Faz parte do projeto Artes do Txama Txama: Documentando Nossas Práticas e Saberes, Salvaguardando Nossos Modos de Vida.
Maria Luisa Lucas – É antropóloga e professora de Etnologia Indígena do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP), coordenadora da área de Antropologia do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA).
Corinne Toka-Devilliers – É mulher do povo Kali’na, fundou em 2021 a Associação Moliko Alet+po, da qual é presidente. A entidade foi criada em memória de sua bisavó, Molko, uma jovem kali’na que foi levada à França em 1892, junto com outros 31 indígenas dos povos Kali’na e Arawak, para serem exibidos no Jardin Zoologique d’Acclimatation, em Paris.
Mathilde Kamal – É professora doutora em Direito Público na Universidade da Guiana Francesa. Desenvolve pesquisas sobre os direitos fundamentais de grupos marginalizados na Guiana Francesa e na América do Sul, como os grupos LGBT+ e os povos indígenas.
Majoí Favero Gongora – É mestre e doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado na mesma instituição e no Laboratoire d’Anthropologie Sociale (LAS). É pesquisadora associada e integrante da equipe de Comunicação Cultural do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas. Foi coordenadora de pesquisa e assistente de curadoria da exposição Nhe’ẽ Porã: memória e transformação, do Museu da Língua Portuguesa.
14h30 às 16h30
Mesa redonda 6
Conhecimentos milenares: fronteiras e proteção de um patrimônio amazônico: o caso da mandioca com Eduardo Góes Neves, Pauri Wajãpi, Steve Norino e Joana Cabral de Oliveira. Mediação de Igor Alexandre Badolato Scaramuzzi
As paisagens amazônicas que conhecemos hoje foram modeladas ao longo de milênios pelos povos indígenas cujas práticas agroflorestais ajudaram a criar esses ecossistemas e sua rica biodiversidade. A Amazônia é considerada um dos principais centros de domesticação de plantas do mundo e é o berço de espécies fundamentais, como a mandioca (Manihot esculenta Crantz). A diversidade da mandioca na Amazônia é extraordinária e está diretamente relacionada às relações de troca suprarregionais milenares, ou seja, à diversidade dos próprios povos que a cultivaram ao longo do tempo. Na região das Guianas, a mandioca é central para os povos indígenas: além de base alimentar, está presente em seus modos de vida, práticas rituais e cosmologias. Evidências arqueológicas na região do Oiapoque, na fronteira Brasil-Guiana Francesa, comprovam que seu cultivo remonta a pelo menos dois mil anos. Atualmente, variedades de mandioca estão ameaçadas em ambos os lados da fronteira pela chamada “vassoura-de-bruxa” (Crinipellis perniciosa), doença fúngica que coloca em risco não apenas a soberania alimentar dos povos, mas também um patrimônio de valor incalculável. Diante desse cenário, iniciativas recentes buscam proteger e valorizar as variedades dessa planta, os conhecimentos indígenas e as práticas de manejo associadas.
Eduardo Góes Neves – É professor titular de Arqueologia, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas. É autor de Arqueologia da Amazônia e Sob os Tempos do Equinócio: 8.000 anos de história na Amazônia Central.
Pauri Wajãpi – Indígena do povo Wajãpi, vive na aldeia Kwapo’ywyry, na Terra Indígena Wajãpi, no norte do Amapá. Atua como pesquisador e agente socioambiental da sua aldeia; é integrante da equipe do RURAP/AP – Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá.
Steve Norino – Artista plástico do povo Parikweneh formado nas Belas Artes (DNAP) e agricultor de Saint-Georges de l’Oyapock, na Guiana Francesa.
Joana Cabral de Oliveira – É professora livre docente do departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas. É pesquisadora colaboradora do Centro de Estudos Ameríndios (USP), coordenadora do Laboratório de Estudos Pós-Disciplinares (USP) e membro do Centro de Estudos e Pesquisa em Etnologia (Unicamp).
Igor Alexandre Badolato Scaramuzzi – Com mestrado e doutorado em Antropologia Social, tem trabalhado como assessor de comunidades indígenas e tradicionais em projetos desenvolvidos em instâncias governamentais e não governamentais que envolvem educação escolar, cultura/patrimônio e terra/meio ambiente.
Encerramento
17h às 17h30
Lançamento
Projeto de residência cruzada entre o Museu da Língua Portuguesa e a Cité de la langue française
17h30 às 18h
Exibição da obra Maluwana – o Céu de Casa, na Praça da Língua, com a presença de Aïmawale Opoya
A maluwana é uma peça emblemática do povo Wayana, habitante originário da região de fronteira Brasil-Guiana Francesa. É uma roda de madeira decorada com pinturas de seres não humanos poderosos e confeccionada especialmente para o teto redondo da tukusipan (casa cerimonial). Ela embeleza e protege esse espaço coletivo que é central para a vida ritual e cotidiana wayana. A ideia de criar uma obra audiovisual para a Praça da Língua do Museu da Língua Portuguesa inspirada na força simbólica desta peça surgiu durante a organização deste Colóquio Internacional, já nas primeiras colaborações entre o Museu da Língua Portuguesa e a Coletividade Territorial da Guiana: nada mais apropriado do que encerrar este encontro reunindo pessoas de diferentes povos sob um mesmo céu, protegido e belo. Foi assim que surgiu a obra audiovisual Maluwana – Céu de Casa: a partir de uma interpretação artística do registro da confecção da maluwana e da narração de histórias feitas por Aïmawale Opoya, artista do povo Wayana que vive na Guiana Francesa. A experiência imersiva com recursos avançados de espacialização sonora, animações 3D e projeção mapeada pensados especialmente para a Praça da Língua é o resultado de uma colaboração entre o artista wayana e o coletivo de arte e tecnologia AVXLab Studio, liderado por Demétrio Portugal, com o apoio do Laboratório de Inovação do SAT – Sociedade de Arte Tecnológica de Montreal.
SERVIÇO
Colóquio Internacional Oyapock, o rio que une: línguas e conhecimentos indígenas além das fronteiras
De 26 a 28 de novembro
Museu da Língua Portuguesa
Inscrições gratuitas para participar por meio deste link (clique aqui)
Grátis (vagas limitadas – sujeito a lotação do Auditório)
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