Em sua 16ª edição, mostra reúne obras que têm o feminino como eixo central, abordando questões como feminicídio e exploração da força de trabalho
A CAIXA Cultural São Paulo apresenta a exposição “CONTEMPORÂNEO”. Em sua 16ª edição, a mostra internacional de arte têxtil contemporânea reúne 25 obras que têm o feminino como eixo central. Os trabalhos abordam questões urgentes, como feminicídio, exploração da força de trabalho das mulheres nas dinâmicas globais e reflexões que atravessam corpo, cotidiano e identidade. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Zeca Medeiros e Otavio Avancini, o espaço foi transformado em um território de encontros entre arte, corpo e ancestralidade. A mostra deixou claro que a arte têxtil cumpriu seu papel mais profundo — costurou sensibilidades e uniu o que o mundo tende a rasgar: a delicadeza, uma característica própria do feminino.
As peças confrontam o público e fazem um convite a desatar todos os nós de vida pré-estabelecidos até então. Nada ali é neutro: cada detalhe motiva os presentes a aprofundarem qualquer olhar acostumado à superfície.
A obra da artista da Costa Rica Ariane Garnier foi especialmente produzida para essa edição da mostra. A sutileza da imersão feita em camadas surpreende os visitantes. Ao se aproximar da peça, é possível capturar toda a sua complexidade por trás do primeiro tecido, que imprimiu a mulher em uma narrativa de trabalho, dor e alegria. Porém, a sutileza está em apreciar as outras camadas dessa obra que ao movimentar o tecido, revela outras expressões que convocam um olhar atento e admirado de quem contempla essa peça.
A peça de Carole-Baillargeon, artista canadense, mostra toda sua grandiosidade ao incentivar a reflexão sobre os ciclos da opressão e a urgência da memória e da resistência. A obra traz a delicadeza do movimento conectado por um fio condutor que une forças. A peça Ateliê Vivo revela a expressão da arte têxtil coletiva. Essa obra que mistura técnicas de tecelagem, renda, crochê, macramê e bordado foi criada em conjunto por quatro artistas paulistas: Carolina Cherubini, Flavia Lobo, Gabriela Cherubini, Andrea Guerra e reafirma a centralidade do feminino na arte contemporânea.
A instalação de Otavio Avancini é uma das mais simbólicas da mostra. O artista produziu uma bandeira feita de fitas VHS, em cujas imagens aparecem guerras e ruínas. A projeção mostra o artista movimentando esse tecido negro e brilhante, convocando o vento como matéria viva da arte. Foi dedicada a Iansã, orixá dos ventos e das transformações que traz o gesto ritual como linguagem — o sopro que varre o passado e abre espaço para o novo. A bandeira não representa, ela age. E nesse ato, transforma o espaço em rito, o corpo em ponte entre o humano e o ancestral.
Outra homenageada feminina de destaque da exposição é a médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira. A obra Oração às Alienadas – Interlúdio do Olhar, de Azulabula, Tatiana Pinto e Marcelo Valle, propõe uma reflexão crítica sobre a memória institucional e os silenciamentos históricos relacionados à Colônia de Alienadas, no Engenho de Dentro (Rio de Janeiro), inaugurada em 1911. Homenageando as 334 mulheres transferidas do antigo Hospício Nacional de Alienados, a obra recupera narrativas esquecidas e questiona os sistemas de exclusão que marcaram suas vidas. Por meio da arte, cria-se um espaço simbólico de acolhimento, reconhecimento e reparação.
Na obra Nós de Umbigo, de Renato Dib, o trabalho evoca o instante liminar do nascimento, ruptura e passagem. O nó, voltado para dentro, é cicatriz sem ponto: marca que não se fecha, mas inaugura.
A rica trajetória da exposição se depara com as obras de Luiz Monken, inspirada na célebre escultura de Degas: A pequena bailarina de quatro anos. A peça Desasina 3 representa uma releitura crítica e contrapõe materiais antagônicos, como o tule leve sobre a pedra bruta. No mesmo local há o lindo manto da artista queniana Naomi Wanjiku Gakunga, feito de fio de aço inoxidável, chapa metálica, contas, tecido e crochê, simboliza a resistência e a beleza. A peça é um lembrete de que o feminino não se cala — ele se reinventa, costura e transforma.
A CONTEMPORÂNEO valoriza a diversidade ao reunir artistas de diferentes etnias, gêneros e nacionalidades. Além dos artistas brasileiros Monica Barki, Cristina Pape, Pedro Paulo Domingues, Otavio Avancini, Eva Soban e Luiz Monken, participam também criadores vindos da Índia, Quênia, Canadá, Hungria, Inglaterra, Estados Unidos, Costa Rica e Uruguai. A mostra reafirma a arte têxtil como campo de potência política e poética. Em cartaz até 18 de janeiro de 2026, de 8h às 19h, a exposição é um convite a percorrer o invisível com os olhos encantados, deixando-se afetar pelas linhas que unem arte, vida e memória.
CONTEMPORÂNEO – Exposição Internacional de Arte Têxtil Contemporânea
Local: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo (próxima à estação Sé do Metrô).
Datas: Até 18 de janeiro de 2026
Horário: 8h às 19h (terça a domingo)
Entrada gratuita
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Acesso a pessoas com deficiência
Informações: https://contemporaneotextil.com.br/
Caixa Cultural: (11) 3321-4400 | https://www.caixacultural.gov.br
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