Representando um dos principais ciclos econômicos do Brasil, o cultivo da cana-de-açúcar foi matéria-prima para a ocupação do território nacional. Com medo de invasões, principalmente dos franceses que aqui aportavam em busca do pau-brasil, a Coroa Portuguesa constatou que em nossas terras o plantio da cana era viável e investiu em doações de sesmarias para que pudessem ser cultivadas e assim fixar colonos. Na Ilha da Madeira, a cana já era cultivada com muito sucesso e as primeiras mudas foram trazidas por Martim Afonso de Sousa.
No início, os locais de cultivo em Campinas ficavam onde atualmente está a estrada entre Campinas e Mogi- Mirim. Campinas já não podia mais depender somente da venda de secos e molhados e suas terras apresentavam muito potencial para o cultivo da cana-de-açúcar, produto de grande valia comercial para a Coroa Portuguesa. Muitas pessoas foram atraídas pela cidade, principalmente mineiros que, com a queda da produção de ouro em seu Estado, migraram em busca de novas oportunidades. Com o aumento da procura dos derivados da cana, mais mão de obra era necessária, então escravos africanos foram a solução mais rápida e econômica.
Muitas fazendas chegaram a possuir mais de 100 escravos. Foi graças a essa produção que Campinas foi elevada a Vila de São Carlos, em 1797. Ali surgiu a primeira elite brasileira. Os donos de engenho ditavam as regras e angariavam força econômica. As terras que margeavam o ribeirão Anhumas – onde não havia escassez de solo – eram perfeitas para o plantio e exibiam alta produtividade. O Coronel de Milícias Luís Antônio era, em 1818, o maior produtor e somente em Campinas era dono de dezesseis engenhos. Outros também se destacaram nesse ciclo: o Coronel Francisco Antônio de Souza, o Sargento Mor Floriano de Camargo Penteado e o Capitão Theodoro Ferraz Leite. O ano de 1836 registrou o auge da produção: havia 93 engenhos e 93 destilarias em plena atividade.
Considerada a mais importante fibra têxtil, o algodão já era utilizado muitos séculos antes de Cristo. No Brasil, indícios confirmam a utilização dessa malvácea por índios na confecção de roupas e redes, além de seu caroço e o sumo de suas folhas servirem de alimento. No período da colonização portuguesa, os jesuítas incentivavam o cultivo do algodão pelos índios e, dado o excesso da produção, alguns quilos eram levados à Europa. Aqui, os colonos usavam-no mais como matéria- prima no artesanato. Artesanato que era feito por mulheres que se ocupavam das pequenas roças em torno das habitações.
Somente em 1760 é que esse cultivo conseguiu destaque com a exportação feita pelo Estado do Maranhão. A competitividade norte-americana chegou com a Revolução Industrial, ultrapassando de longe nossa produção. Com isso, a cotonicultura entrou em decadência e passamos a ser apenas produtores para o mercado interno; nessa época, porém, é mais valorizado o cultivo do café.
Com a Guerra da Secessão nos EUA, o Brasil volta ao cenário do comércio internacional. E recebe um novo impulso para o cultivo, agora do algodão herbáceo. São Paulo se destaca na produção. E, novamente, a paz na terra do Tio Sam é restaurada e aqui perdemos o fôlego. Em 1924, o Instituo Agronômico de Campinas trabalhou exaustivamente no aprimoramento genético do algodão e como resultado, associado à queda do café na década de 1930, a cotonicultura cresce no Estado de São Paulo que se torna grande produtor desse bem no país. Em qualquer lavoura havia a semente paulista. Chegamos a 463 mil toneladas em 1944.
Na realidade, Campinas foi a grande impulsionadora do cultivo de algodão. Com as fábricas de melhoramentos e têxteis, muitas fazendas aqui localizadas fizeram parte dos experimentos do Instituto Agronômico de Campinas – IAC, que contribuiu para o desenvolvimento de uma das maiores culturas exportadoras do Brasil.
Com a saturação do mercado externo do açúcar, o café vindo ao Brasil, em 1727, foi gradualmente tomando conta da infraestrutura já existente dos engenhos de cana-de-açúcar, da mão de obra escrava e das vias abertas até a capital e o porto de Santos. Tanto é que, em 1860, já existiam 189 fazendas de café contra apenas vinte de cana-de-açúcar. Os lucros obtidos com o café eram tão grandes que o grão foi apelidado de “ouro negro”.
Os intitulados “Barões do Café” formavam verdadeiras microvilas em suas fazendas. E, com o advento desse lucro, as cidades em geral se tornaram um espelho da Europa. Surgiram teatros, escolas, desenvolvimento das artes, modernização arquitetônica, armazéns com gêneros importados e uma série de itens que trouxeram grande progresso para a população rural do Estado. O novo panorama se potencializou com a inauguração das estradas de ferro que formavam verdadeiras artérias de transporte do produto.
Campinas, em especial, chegou a ser a maior cidade exportadora do produto no país devido ao solo plano e mais rico. Os Barões do Café que se perpetuaram nesse ciclo incluem Joaquim Antônio de Arruda – Barão de Atibaia; Joaquim Policarpo Aranha – Barão de Itapura; Joaquim Ferreira Penteado – Barão de Itatiba; Joaquim Ferreira de Camargo – Barão de Ibitinga; Geraldo Ribeiro de Souza Rezende – Barão Geraldo; Joaquim Egídio de Sousa Aranha – Marquês de Três Rios; Joaquim Celestino de Abreu Soares – Barão de Paranapanema; Anna Carolina de Melo Oliveira de Arruda Botelho – Baronesa e Viscondessa e Condessa do Pinhal; Manuel Carlos Aranha – Barão de Anhumas, e João de Ataliba Nogueira – Barão de Ataliba Nogueira.
Para saber mais sobre Campinas, clique aqui
Varginha prepara Plano de Desenvolvimento Regional do Turismo com apoio da Secretaria de Estado de…
Divulgação Um hotel intimista, atemporal e profundamente conectado à natureza é a nova promessa da…
Crédito: Fabio Augusto Valencia via Unsplash Cidade-sede da COP30, que será realizada em novembro deste…
Foto por: Todd Cravens via Unsplash Todos os anos, entre julho e novembro, o litoral…
Foto: Gerson Cordeiro / Videograph A charmosa Serra Negra, encravada nas montanhas da Serra da…
Bananeiras, Areia e Solânea compõem o primeiro roteiro religioso da Paraíba com estruturação do SEBRAE…