Capoeira, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

“Fala forte. Gargalha. Cheira a aguardente e discute. É o capoeira. Sem ter negro a compleição atlética ou sequer o ar rijo e sadio do reinol, é, no entanto, um ser que toda gente teme e o próprio quadrilheiro da justiça, por cautela respeita.” Trecho de Luís Edmundo. 1967

Importante esta descrição feita, pois retrata como o capoeirista era temido. Porém hoje esta realidade é diferente. Após ver inúmeros espetáculos desta luta-dança, o capoeirista tornou-se um dançarino leve e suave, mas com um corpo divinamente modelado. O que mais fascina é a plasticidade, a elasticidade e a sincronia de seus movimentos.
A capoeira reflete tudo que se concebe da cultura negra, no corpo e no espírito. Na época da escravidão, os negros
não tinham acesso às armas brancas. A única forma de defesa era o próprio corpo, onde era uma manifestação em forma de dança para que o feitor não desconfiasse que eles estavam explorando um potencial de luta.

Jogo de Dentro

Na década de 30, os mestres jogavam o Jogo de Dentro, com o objetivo de realmente acertar o adversário com navalha nos pés. Esse tipo de jogo era muito utilizado com a proximidade dos capitães do mato (capetão). Outro apetrecho utilizado era o facão. Como beleza na dança, o facão era usado, preferencialmente, à noite, pois a cada golpe saíam faíscas, mas hoje ele foi substituído por dois paus de madeira chamados maculelê.

Preconceito

Em 1960, a capoeira estava sendo extinta por ser considerada uma arte marcial de malandros. Mas, como o nome já diz, é uma arte e a arte não pode ter preconceitos. Foram os negros que, não se deixando intimidar, prosseguiram e insistiram na conservação desta cultura.

Golpes e jogo

A capoeira não é uma luta de agressão e sim uma auto-defesa. Há vários golpes de nomes curiosos como: tombo de ladeira, corta capim, encruzilhada, fecha beco, me esquece, passo da cegonha etc. Importada da África, temos dois tipos de capoeira: a de Angola e a regional.

A de Angola, é chão, floreio, mais baile. A Regional, além disso, possui golpes aéreos, portanto mais agressiva. Aqui na Bahia, utilizamos como dança, pois se um mestre vir um jogador lutando realmente, este é expulso da academia. Mesmo na defesa você pode ser preso porque o capoeirista é considerado uma arma.

Filosofia de Vida

Capoeira não é somente uma luta, mas também uma filosofia de vida. O objetivo não é agredir o seu semelhante,
e sim desenvolver seu corpo e suas habilidades. Começar só depende de como você estiver mentalmente. Assistir a esse espetáculo, à beira mar, com os jogadores se desdobrando para mostrar sua arte, tendo o mar, a brisa e o som do berimbau, completando o cenário, a dança torna-se um espetáculo inesquecível e até nos emociona.

O berimbau

O berimbau é o instrumento que dá o ritmo ao jogo; é uma consequência da capoeira. Criado por mestre Pastinha, de Angola, é composto por oito peças: aço, biriba, cabaça, cordão, dobrão, couro, brocha e caxixi.