No dia em que completa 21 anos, instituição abre as portas com entrada gratuita, oficina de acarajé e mostras que reforçam o legado de Emanoel Araujo — entre elas, a exposição “Pensar e Repensar, Fazer e Refazer”, em seus últimos dias de visitação
O Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, equipamento da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, celebra, no dia 23 de outubro de 2025, 21 anos de atuação como uma das mais importantes instituições dedicadas à arte, à história e à memória afro-brasileira. Para marcar a data, toda a programação será gratuita, com visitas mediadas às exposições em cartaz e uma oficina de acarajé ministrada por Alcides Santos, baiano e profissional do atendimento do Museu, que ensinará o preparo tradicional do alimento sagrado e seu significado nas religiões afro-brasileiras.
A celebração reafirma o compromisso do museu com o acesso democrático à cultura e o fortalecimento das narrativas afro-brasileiras. Fundado por Emanoel Araujo (1940–2022), o Museu abriga um acervo de mais de 8 mil obras entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnográficas.
Artista, curador e gestor cultural, Emanoel Araujo foi um dos principais nomes da arte brasileira e um dos grandes responsáveis por consolidar a visibilidade da produção afro-brasileira no cenário nacional e internacional. Nascido em Santo Amaro da Purificação (BA), iniciou sua trajetória como gravador, escultor e pintor, e ao longo da vida assumiu cargos de direção em importantes instituições, como o Museu de Arte da Bahia, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde realizou uma das mais marcantes reestruturações da história do museu.
Com a criação do Museu Afro Brasil, em 2004, Emanoel Araujo consolidou uma visão pioneira de museologia, unindo arte, história e memória sob uma perspectiva afro-diaspórica. Sua curadoria plural e sensível transformou o museu em um espaço vivo de representação, educação e reconhecimento da contribuição negra à formação do Brasil. Em 2022, após seu falecimento, o museu passou a levar seu nome como homenagem ao seu trabalho e à sua visão de mundo.
A mostra permanente apresenta um vasto panorama da arte, da cultura e da história afro-brasileira. Dividida em núcleos temáticos, aborda temas como África: diversidade e permanência, trabalho e escravidão, religiões afro-brasileiras, história e memória e artes plásticas afro-brasileiras. O acervo reúne nomes como Heitor dos Prazeres, Carybé, Rubem Valentim, Mestre Didi e o próprio Emanoel Araujo.
Visitação: terça a domingo, das 10h às 17h (permanência até 18h).
A mostra em cartaz na marquise do Museu, apresenta a obra do fotógrafo olindense Arlindo de Souza Amorim, o Xirumba, reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, com curadoria de Ariana Nuala e Rosa Couto. Em “Orquestra”, a fotografia é concebida como composição: cada imagem carrega seu ritmo, sua nota e sua voz, formando uma pulsação coletiva inspirada nas manifestações culturais negras e indígenas do Nordeste.
Atuando desde a década de 1970, Xirumba retrata tradições como o maracatu rural, o cavalo marinho, a ciranda, a poesia e o maracatu-nação, especialmente o Cambinda Brasileira, o mais antigo maracatu em atividade no país. A exposição homenageia mestres e mestras que mantêm viva essa herança — entre eles Anderson Miguel, Barachinha, Salustiano, Dona Selma do Coco, Lia de Itamaracá e Miró da Muribeca — e traduz, em imagens, o batuque coletivo que ecoa nas ruas, espaço onde o artista aprendeu a “afinar o olhar”.
Ficha técnica:
Curadoria: Ariana Nuala e Rosa Couto
Artista: Arlindo de Souza Amorim
Período: até 27 de dezembro de 2025
Com curadoria de Renata Dias Oliveira, a artista Isa do Rosário apresenta uma instalação que combina escultura, performance e som para refletir sobre a relação entre corpo, natureza e ancestralidade. As obras — feitas com barro, folhas, tecidos e elementos orgânicos — convidam o público a perceber a terra como um organismo vivo e pulsante.
Ficha técnica:
Curadoria: Renata Dias Oliveira
Artista: Isa do Rosário
A exposição “Mulika”, apresenta uma viagem audiovisual que articularia ficção científica, ancestralidade e diáspora africana: o artista cria o personagem “afronauta” que retorna ao leste do Congo, navegando entre mito, ciência e identidade.
Segundo as curadoras Ariana Nuala e Rosa Couto, a obra dialoga com o acervo do museu — máscaras, esculturas e estandartes — e reafirma que “imaginar é um gesto de resistência e uma forma de projetar futuros”.
Em seus últimos dias de visitação, a mostra convida o público a refletir sobre as duas décadas de trajetória do Museu e o papel das instituições culturais na valorização das culturas negras. Reunindo obras de diferentes períodos e revisitando exposições emblemáticas, propõe um olhar crítico sobre o “fazer museu” — como as narrativas são construídas, revisitadas e transformadas ao longo do tempo. O público pode conferir a exposição até o dia 26 de outubro.
Ficha técnica:
Curadoria: Equipe do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
Local: Sala Especial
Período: desde 23 de outubro de 2024 até 31 de dezembro de 2025
A mostra questiona o conceito de “arte popular”, destacando a pluralidade das expressões negras produzidas fora do circuito acadêmico. Reúne obras de Cândido Santos Xavier, Mauro Firmino, Manuel Graciano Cardoso e outros artistas que reinventam modos de fazer, revelando a potência criativa do “popular” como movimento vivo e múltiplo.
Ficha técnica:
Curadoria: Equipe do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
Artistas: Cândido Santos Xavier, Mauro Firmino, Manuel Graciano Cardoso e outros
Local: Sala de Exposições Temporárias
A mostra propõe um diálogo entre obras históricas e contemporâneas do acervo, convidando artistas a reinterpretar as coleções do museu sob novas óticas. Em sua segunda edição, apresenta o encontro entre Eustáquio Neves e Zimar, unindo fotografia, escultura e experimentação visual em torno de memória, corpo e ancestralidade.
Ficha técnica:
Curadoria: Equipe do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
Artistas: Eustáquio Neves e Zimar
Local: Sala Especial
Com curadoria de Hélio Menezes, a exposição investiga a obra do artista baiano Rubem Valentim (1922–1991), reconhecido por sua linguagem geométrica que articula simbologias das religiões afro-brasileiras com a estética moderna. A mostra inclui recursos acessíveis, como reproduções táteis, mapa tátil e jogos interativos, ampliando o acesso e a experiência sensorial do público.
Ficha técnica:
Curadoria: Hélio Menezes
Período: 24 de agosto de 2024 a dezembro de 2025
Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
Parque Ibirapuera – Portão 10 – Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – São Paulo (SP)
Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 17h (permanência até 18h)
Ingressos:
Gratuito às quartas-feiras e em datas comemorativas, como o aniversário do museu (23 de outubro)
Nos demais dias: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada)
Site: www.museuafrobrasil.org.br
Telefone: (11) 3320-8900
E-mail: contato@museuafrobrasil.org.br
Redes sociais: @museuafrobrasil
Imagem destaque por Divulgação
Texto por agência com edição de Isadora Lacerda
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