Tribo Guarani em São Sebastião

Índios em São Sebastião

Na pele de Flor do Céu, a menina de sorriso largo, de mais ou menos 11 anos, havia uma tatuagem pintada com urucum, uma das marcas que o índio guarani carrega no rosto para homenagear os visitantes que, como nós, aparecem para conhecer e admirar os costumes e cultura do povo indígena.

Com seus costumes tão díspares das outras tribos que habitaram ali, antes mesmo dos primeiros portugueses desembarcarem no litoral norte, descobrimos em nossa visita que os guaranis nunca andaram nus e sempre tiveram em sua etnia a vontade de se integrar aos outros povos de forma passiva, de modo a manter sua cultura e dignidade.

A tribo dos índios guaranis fica a mais de 60 km do centro histórico de São Sebastião, na Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira, localizada na praia de Boracéia, no meio da Mata Atlântica. A natureza é abençoada neste lugar, com uma área com cerca de 948 hectares entre cerrado e floresta, que ainda não está demarcada oficialmente pela Funai (Fundação Nacional do Índio) .

Na comunidade indígena, vivem de 60 a 70 famílias, entre crianças, adolescentes e adultos. Este número de pessoas está dividido em 5 grupos.  Cada grupo possui em torno de 11 famílias distribuídas em todo terreno da Reserva.

Cada grupo tem seu líder, que, junto com o Pajé, formam a liderança geral da tribo. Mas nada é resolvido antes que Gino, um dos Pajés dê seu parecer. Gino Castro, o nome brasileiro que lhe foi dado para ser reconhecido como cidadão brasileiro, Tapei Mirim, seu nome em Tupi Guarani, 62 anos, dois filhos, falando um português pausado, conta que demorou 10 anos para aprender com seu avô todos os ensinamentos e as funções de um Pajé.

Ele nos conta também que o Pajé é uma figura de extrema importância dentro das tribos. Detentor de muitos conhecimentos e da história, ele é o indígena mais experiente.  E também possui a funções de curandeiro, orientador espiritual e sacerdote, pois todos os casamentos e batizados (uma festa que dura a noite inteira e vêm convidados de outras tribos) são celebrados por ele. O Pajé também dá o nome aos jovens e crianças que nascem.

A Constituição brasileira define o índio como um cidadão igual a todos os outros. No entanto, reconhece as suas particularidades culturais e a necessidade de sua preservação. Dessa forma, sob o ponto de vista legal e da cidadania, o grau de integração do índio à sociedade brasileira é variado. Se o índio trabalha a forma economicamente produtiva, conhece a língua portuguesa e faz negócios com brancos, ele passa a ter os mesmos direitos e deveres de qualquer brasileiro. fonte: Geografia, Coleção Anglo.

As contribuições dos índios para a formação da cultura nacional são inúmeras e estão disseminadas pelo país sob a forma de hábitos culturais, especialmente alimentares. No espaço de convivência da aldeia, há produção de artesanato, de produtos agrícolas.  Como o açaí, a pupunha e a farinha de mandioca brava.  Esta com três tipos de torramento, o mais leve, o mais grosso e outro mais fino.

Os índios também cuidam de plantas ornamentais, um viveiro formado principalmente por helicônias, uma exuberante flor vermelha. Os produtos comercializados são vendidos na estrada e a renda é responsável por todo desenvolvimento econômico da comunidade.

Educação

Para ajudar na educação, em abril de 1996, após vários anos de reivindicações, foi inaugurada uma escola provisória. Em dezembro de 2000, foi inaugurada a escola permanente.  Sendo de total responsabilidade do município de Bertioga, o material escolar, a merenda e os professores. No período de aula, os professores contam com auxílio de um índio adulto em cada sala, que contribui na tradução do Guarani para o português e vice-versa, facilitando o ensino.

Os índios vivem em pequenas ocas construídas em pau-a-pique, cobertas com palha ou casas feitas com madeira da própria aldeia. Alguns grupos possuem sanitários fora de casa, outros utilizam o meio ambiente.

A oca em que fizemos a entrevista com o Pajé, é um lugar para oração, composto de um altar para todos os rituais de vida e morte. Curiosamente havia também camisas de times penduradas, algumas redes para descansar.  E também seus instrumentos de trabalho como tambor, violão, chocalho e cachimbo. Sua família participava com olhares curiosos, próximos do nosso bate papo com seu líder. Porém pareciam não entender o que conversávamos.

Crianças corriam de um lado para outro, chegamos a ver muitos pássaros e até a pegar um gambá na mão.  Uma sensação de liberdade que só lugares privilegiados nos proporcionam. Aplausos para este dia, que nos trouxe um pouco do encantamento desse povo batalhador.

Ecoturismo

A idéia dos líderes da Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira é de promover o Ecoturismo.  Aproximando o convívio de outras etnias, desmitificando o entendimento de que o índio é primitivo e selvagem.  Além de ajudar os índios a venderem dentro da reserva produtos para sua subsistência.  Uma boa oportunidade para conhecer a identidade cultural indígena.

 

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