Os caiçaras formam um povo que evoluiu e aprendeu a aproveitar os recursos naturais. Convivendo com o mar e a mata, sabem, como poucos, utilizar os benefícios da natureza.
O caiçara aprendeu muitas técnicas de pesca ao longo do tempo, “para a pesca, usa espinhel (corda extensa onde prende anzóis) e redes: tarrafa, picaré, jereré, puçá e faz nos rios as cercas ou chiqueiros de peixes. A pesca com rede, requer o uso de canoa – a ubá. A rede mede cerca de 140 braças de comprimento por 6 de largura. Para facilitar a flutuação, na parte superior da rede colocam bóias de cortiça e na parte inferior, colocam as chumbadas ou peso de barro cozido. Nas extremidades da rede, colocam cordas para puxar o arrastão. Colocam a rede no mar, levada pela ubá, e depois vêm arrastando até a praia – é o famoso “arrastão”. Hoje, os barcos a motor, fazem parte da pesca, ou seja, cada vez mais aprimorando e evoluindo dentro de seu meio.
“Com estes, o homem caiçara pesca no “mar de dentro” para sua subsistência. O arrasto da tainha merece atenção especial, pois se trata de um momento de congregação da comunidade, onde todos trabalham para todos”.
Ser caiçara é ter orgulho de suas origens, é ter coragem para enfrentar o mar, é ter capacidade de viver no isolamento, saber dividir o produto de sua pesca e ter consciência que Deus, que lhe deu as duas maiores forças da natureza: a floresta e o mar.
É o complemento alimentar dos pescadores e seu principal produto é a farinha de mandioca – consumida em quase todas as refeições – que, desde tempos imemoriais, trata-se de um substituto do pão europeu e, por isso mesmo, é chamada de “pão dos trópicos”. Existe, ainda, uma infinidade de produtos secundários e ervas medicinais. Seus principais produtos são: mandioca, milho, cana, feijão, guandu, inhame, entre outros.
Aprender a arte da fabricação da farinha de mandioca era uma das tarefas da mulher caiçara, que começava cedo, muitas vezes, ainda crianças. A lida não era fácil; preparar a terra, plantar e colher fazia parte da rotina. Plantava-se também a mandioca venenosa, que não faz mal à saúde porque é lavada, raspada, espremida, coada, seca no forno, na coxa, vai outra vez ao forno, outra vez na coxa até virar farinha pura. Os horários são cruéis, os trabalhos começam às 3 horas da manhã e só acaba ao meio-dia. O caiçara chama esse fabrico é “farinhando” e era vendida a litros.
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“No verão as famílias tinham o costume de conversar nas calçadas para “tomar a fresca”. Em casa sempre tinha uma esteira de taboa para as crianças deitarem e ficarem quietinhas enquanto os pais e vizinhos conversavam. Nós olhávamos as estrelas e ficávamos ouvindo as conversas até cair no sono”
“Ninguém, ou quase ninguém, vendia frutas. As vizinhas presenteavam as frutas de seus quintais umas às outras.”
“Quando a frente da cidade ainda tinha praia, a criançada aproveitava para tomar banho de mar. Ninguém tinha maiô. A gente tomava banho com uma roupa qualquer. Quando a maré ficava vazia era uma beleza. Dava muito berbigão (molusco). Numa tarde de maré vazia eu peguei uma lata vazia de banha e já ia saindo para mariscar…”
Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo
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