Santos Futebol Clube

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Painel do Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube

Pelas mãos dos esportistas Francisco Raymundo Marques, Argemiro de Souza Júnior e Mário Ferraz de Campos foi enviado à imprensa da cidade de Santos um comunicado que foi publicado no Diário de Santos no dia 9 de abril de 1912:

“SPORTS

Um novo clube de football

Vários sportsmen desta cidade estão empenhados em organisar um poderoso club de football, tendo já para isso, conseguido um vasto e esplendido terreno de propriedade do sr. J.D. Martins, à rua Aguiar de Andrade, no Macuco, onde será installado o ground da nova sociedade esportiva. A comissão organisadora do clube compõe-se dos três esforçados cavalheiros seguintes: Mario Ferraz de Campos, Raymundo Marques e Argemiro de Souza Júnior. Essa comissão, no desempenho da árdua tarefa que se impõe, está percorrendo o nosso alto commercio para acquisição de socios, tendo já conseguido alistar para mais de 200 pessoas.

No próximo domingo, às 2 horas da tarde, haverá uma reunião na séde do clube Concordia, para serem apresentadas as bases do novo clube, eleita a sua directoria e tomadas outras deliberações attinentes aos fins da nova agremiação esportiva. Era já sensível a falta, entre nós, de um bom clube dedicado ao bello sport do football. Acreditamos que o novo clube venha preencher essa lacuna.”

Primeira sede

A primeira sede social do Santos FC localizava-se no Largo do Rosário, 14 – atual Praça Rui Barbosa –, e era mais conhecida como “Pombal”. Lá o clube ficou no período de 1912 a 1918. No início do ano de 1913 surge em Santos, transferido da capital para trabalhar na Alfândega como escriturário, Urbano Villela Caldeira Filho, com 22 anos de idade. O jovem nascido em Florianópolis no dia 16/9/1890 chegava à cidade com vontade de jogar futebol, pois gostava muito de praticar esse esporte, tanto que, em São Paulo, Urbano tinha fundado alguns times de futebol.

Sonhos relizados

Os santistas sonhavam grande, e subir a serra para enfrentar os times da capital paulista foi a proposta da diretoria. Já no segundo ano de sua existência, a agremiação passa a participar do Campeonato Paulista, mas a estreia não é muito boa: os jogadores comentavam sem entusiasmo a amarga derrota pelo acachapante placar de 8 a 1 diante do fortíssimo time do Germânia no campo do Parque Antártica. O único jogador que se mostrava satisfeito era Harold Cross que marcou o gol de honra do time santista.

Santos Futebol Clube
Um dos primeiros uniformes do Peixe

Porém, na sequência do campeonato, houve outro placar deveras animador: uma goleada sobre o Corinthians, novamente no campo do Parque Antártica, pela contagem de 6 a 3.

Só que duas novas goleadas no campeonato diante do S. C. Internacional e do Americano fazem com que a diretoria desista de prosseguir atuando na capital porque as despesas com as passagens de trem eram bastante elevadas e o clube não tinha como bancar as viagens dos atletas a São Paulo. Já com o uniforme listrado nas cores branca e preta e com shorts branco, o time venceu o Campeonato Santista e conquistou o primeiro título importante em sua história. São jogadas seis partidas e o time sai invicto do torneio para alegria dos torcedores locais que acompanhavam o time que usava o nome da cidade com galhardia. Os atletas Adolpho Millon Júnior e Arnaldo Silveira são convocados para defender o Selecionado Brasileiro e, na Argentina, conquistam a Copa Rocca.

Década dos 100 gols

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Bola do primeiro Campeonato Paulista, quando o Santos ganhou de 2X0 do Corinthians

No time comandado pelo diretor geral de esportes Urbano Caldeira, a novidade é a chegada de um grupo de garotos vindos do Brasil FC que era conhecido como o time Gota de Leite, em função da pouca idade dos garotos que atuavam na equipe. Eram eles Nabor, Batista, Omar, Camarão, seu irmão Siriri e Abel. Juntamente com esses garotos surge outro jovem de raro potencial chamado Araken Patusca e é com eles que, no ano de 1927, o Santos forma o seu grande e talentoso ataque que marcou época no futebol paulista e brasileiro, ficando conhecido como o time do Ataque dos 100 gols.

A imprensa carioca, encantada com o elenco praiano, chamou o clube de “O Campeão da Técnica e da Disciplina”, tal o comportamento do grupo dentro e fora das quatro linhas. O Santos não venceu o campeonato paulista de 1927 porque na partida final do certame foi vencido pelo Palestra Itália, na atual Vila Belmiro, pelo placar de 3 a 2. Neste campeonato em 16 partidas, o time marcou 100 gols, um recorde que até hoje não foi superado em partidas do campeonato paulista, com uma média assombrosa de 6,25 gols por jogo. Na década seguinte, no ano de 1935, o Santos FC conquista pela primeira o Campeonato Paulista ao vencer o maior arquirrival em sua casa pelo placar de 2 a 0 com gols de Raul e Araken Patusca.

O sonho começou

Estádio Urbano Caldeira
Estádio Urbano Caldeira

O ginásio de esportes no estádio é inaugurado com a presença do governador de todos os paulistas, Ademar de Barros, o que causa motivação e júbilo entre os associados. E, a partir de 1952, o clube passa a ter em suas dependências todos os serviços que antes eram prestados aos sócios na sede da rua Itororó, 27. A Vila Belmiro agora sim é por completo a morada do Santos Futebol Clube. Luis Alonso Peres, o Lula, assume no ano de 1954, o comando da equipe principal, que ganha respeito entre os treinadores adversários. O primeiro título internacional vem coroar o brilhantismo da equipe motivada no torneio organizado pela Federação Paulista de Futebol que, na partida final, viu o Santos vencer o New Old Boys no Pacaembu pelo placar de 5 a 2.

Pelé

O ano de 1956 entra na história do clube por ter sido o ano em que um garoto franzino de pernas finas e olhar ingênuo chegou à Vila Belmiro trazido de Bauru por um ex-jogador de nome Waldemar de Brito. O garoto tem 15 anos e já no dia 7 de setembro desse mesmo ano faz sua primeira apresentação no time principal na histórica partida disputada em Santo André, vencida por 7 a 1 com a ajuda do garoto chamado Edson Arantes do Nascimento, apelidado Pelé. Ele marcava então seu primeiro gol com a camisa que, nos anos seguintes, iria imortalizar perante o futebol mundial.

Jogar no time principal do Alvinegro era o que mais queria o garoto Pelé que, na concentração no estádio santista, também era chamado de “Gasolina’ por alguns jogadores mais velhos. Daí em diante e até sua última partida, em 1974, Pelé é o titular absoluto da camisa 10 do alvinegro. A imprensa estrangeira, assombrada com o futebol mágico do garoto Pelé, o chama pela primeira vez de “Rei do Futebol’, apelido que ele iria carregar com justiça pelo restante de sua carreira monumental.

Dupla talentosa

Ao lado de Pelé passa a atuar outro jovem de incontestável qualidade futebolística: Antônio Wilson Honório, ou simplesmente Coutinho, que formaria ao lado do Rei uma dupla que para sempre se tornaria na memória dos abnegados santistas a imagem perfeita de dois atletas dotados da mais alta habilidade para jogar futebol, criando suas inacreditáveis tabelinhas. Marcar gols às pencas é a especialidade do time praiano no ano de 1959, quando marca em 99 partidas jogadas a incrível soma de 342 gols assinalados, com Pelé marcando 100 gols nessa temporada. Na artilharia do campeonato paulista, Pelé passa a ser o goleador máximo em 1957, 1958 e 1959; vale lembrar que, ainda em 1954, outro avante santista, Del Vecchio, também foi o artilheiro do certame, com 22 gols.

No período de 1950 a 1959, os jogadores que mais se destacaram foram: Pelé, Pepe, Coutinho, Dorval, Zito, Dalmo, Hélvio, Urubatão, Ramiro, Fiote, Jair, Pagão, Negri, Tite, Walter Marciano e Nicácio. O time marcou 1.848 gols e sofreu 1.051, em 654 partidas, acumulando 399 vitórias, 103 empates e 152 derrotas. Eleito por toda a imprensa mundial como o melhor time de futebol de todos os tempos, com um ataque que jamais será esquecido pelos torcedores do alvinegro e que soa com uma doce e suave melodia ao ser entoado, eram quatro ases e um coringa: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Esse ataque demolidor e insuperável atuou junto em 97 partidas com 68 vitórias, 11 empates e 18 derrotas.

Fonte: Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística do Santos Futebol Clube.

O adeus do Rei

O soco no ar de Pelé, sua marca registrada de comemoração de gol. Esquina da Av. Epitácio Pessoa com a Av. Almirante Cóchrane
O soco no ar de Pelé, sua marca registrada de comemoração de gol. Esquina da Av. Epitácio Pessoa com a Av. Almirante Cóchrane

O momento que nenhum torcedor santista queria que existisse chegou carregado de emoção e tristeza, na noite do dia 2 de outubro de 1974, noite na qual a Vila Belmiro chorou ao ver o seu filho pródigo despedir-se do futebol na partida contra a Ponte Preta. Ainda nesse ano, na Copa do Mundo disputada na Alemanha, o Santos cedeu dois jogadores ao Selecionado Nacional: o ponta-esquerda Edu e o zagueiro Marinho Perez. Após essas convocações, o clube só voltaria a ceder jogadores ao selecionado nacional 36 anos depois, na Copa do Mundo da África, com o jogador Robinho. No período inicial após a saída do Rei Pelé, a primeira alegria veio com a conquista do Torneio Hexagonal do Chile, em 1977, sob o comando de Urubatão Calvo Nunes.

Time de base formando estrelas

Mas a alegria maior nessa década é a conquista do Campeonato Paulista de 1978, disputado no meio do ano seguinte e que deu ao Santos o seu 14º título, vencido com um grupo de jovens atletas que ficou conhecido como “Os Meninos da Vila”, um grupo de garotos que encantou a imprensa pela velocidade e pela categoria imposta em suas partidas no certame, todos capitaneados pelo competente Chico Formiga, que mesclou na equipe jogadores experientes como Clodoaldo, Vitor, Aílton Lira, Gilberto Sorriso, Joãozinho, Neto e Nelsinho Baptista com os meninos Juary, João Paulo, Pita, Nilton Batata, Rubens Feijão, Zé Carlos, Toninho Vieira, Claudinho dentre outras jovens promessas, quase todas oriundas dos times de base. O artilheiro máximo do time volta a pertencer ao elenco praiano e desta feita seu nome é Juary, que marcou 29 gols.

E assim, 100 anos depois, o Santos Futebol Clube continua seu brilho com estrelas que vão, mais tarde, ficar eternizadas no Hall da Fama santista com mais uma geração de craques como Neymar, Ganso, Arouca, Edu Dracena, Léo, Rafael, André, entre outros. E, até o fechamento desta matéria, o time que fez parar uma guerra em 1969 contabiliza 12.022 gols em sua trajetória.

Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube
Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube

Títulos conquistados:

Campeonatos Estaduais: 20 (1935, 1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1973, 1978, 1984, 2006, 2007, 2010, 2011 e 2012)

Campeonatos Regionais (Rio-São Paulo): 5 (1959, 1963, 1964, 1966 e 1997)

Campeonatos Nacionais: 8 (1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 2002 e 2004)

Copa do Brasil: 1 (2010)

Copa Conmebol: 1 (1998)

Taça Libertadores da América: 3 (1962, 1963 e 2011)

Mundial Interclubes: 2 (1962 e 1963)

Recopa Sul-Americana: 2 (1968 e 2012)

Recopa Mundial: 1 (1968)

Para saber mais sobre a cidade de Santos, clique aqui

 

Luís Alonso Pérez -Técnico Lula - treinador dos Santos FC de 1954 a 1966
Luís Alonso Pérez -Técnico Lula – treinador dos Santos FC de 1954 a 1966
Coutinho é considerado o Gênio da Pequena Área, fez 380 gols em 457 jogos. Atribui toda a habilidade do Santos a amizade entre os jogadores e a brilhante coordenação do técnico Lula
Coutinho é considerado o Gênio da Pequena Área, fez 380 gols em 457 jogos. Atribui toda a habilidade do Santos a amizade entre os jogadores e a brilhante coordenação do técnico Lula
Aqui é um dos locais mais agitados de torcedores do Santos F.C.
Aqui é um dos locais mais agitados de torcedores do Santos F.C.